O presidente do PSB, Eduardo Campos,
que também é governador de Pernambuco e um dos nomes cotados para a disputa da
presidência da República em 2014, apresentou hoje, 18, carta à presidenta Dilma
Rousseff informando a saída do partido do governo e entregando dois ministérios
que estavam sob a responsabilidade da sigla.
O partido defende a necessidade de
maior liberdade para se posicionar livremente nos debates políticos e
consequentemente uma candidatura própria.
Ao fundo de tudo isto estava uma
pressão por parte do PT para que houvesse a entrega dos Ministérios, já que
Dilma ficou extremamente irritada com um encontro ocorrido recentemente entre
Eduardo Campos e seu principal rival em 2014 Aécio Neves (PSDB).
Leia na íntegra a carta entregue por
Campos:
Brasília, 18 de setembro de 2013
À Sua Excelência Senhora Dilma Rousseff
Em mãos.
Senhora Presidenta,
Desde 1989, quando da criação da
“Frente Brasil Popular”, o Partido Socialista Brasileiro integra, juntamente
com o Partido dos Trabalhadores e outros do campo da esquerda, a base política
e social que, durante as sucessivas eleições presidenciais de 1989, 1994, 1998
e no segundo turno de 2002, apoiou e, finalmente, levou à Presidência da
República, o companheiro Luís Inácio Lula da Silva, cujo governo contou com
nossa participação, colaboração e sustentação, no Executivo e no
Parlamento.
Convidado a ocupar funções governamentais,
nosso Partido contribuiu para os avanços econômicos e sociais
proporcionados ao País pelo governo do honrado Presidente Lula, dedicando seus
melhores esforços e sua total lealdade nos momentos mais difíceis dos oito anos
de mandato.
Em março de 2010, embora contássemos
com um pré-candidato à presidência da República e fosse desejo manifesto de
nossa base e das lideranças do partido o lançamento de candidatura própria, o
PSB, a partir de uma profunda reflexão e discussão política com o companheiro
Lula, abdicou dessa legítima pretensão e decidiu integrar a frente partidária
que apoiou a candidatura de Vossa Excelência à Presidência da República.
Quando da formação do governo, Vossa
Excelência convidou-nos para discutir nossa participação, ocasião em que
manifestamos a possibilidade de apoiar sua administração sem necessariamente
ocupar cargos. Vossa Excelência, entretanto, expressou o desejo de quadros do
PSB na Administração, com o que concordamos sem apresentar condicionantes.
Neste momento, temos sido atingidos,
sistemática e repetidamente, por, comentários e opiniões, jamais negadas por
quem quer seja, de que o PSB deveria entregar os cargos que ocupa na estrutura
governamental, em face da possibilidade de, legitimamente, poder apresentar candidatura
à Presidência em 2014.
Longe de receber tais manifestações
como ameaça, o Partido Socialista Brasileiro - que nunca se caracterizou pela
prática do fisiologismo - reafirma seu desapego a cargos e posições na
estrutura governamental, e reitera que seu apoio a qualquer governo
jamais dependeu de cargos ou benesses de qualquer natureza, e sim do rumo
estratégico adotado que, a nosso ver, deve guardar identidade com os valores
que alicerçam a trajetória política do nosso Partido. Nossas divergências, todavia,
não impediram nosso apoio ao governo de Vossa Excelência, mas pretendemos
discutir com a sociedade, de forma mais ampla e livre.
O Partido Socialista Brasileiro, nos
seus 60 anos de presença na vida política nacional, jamais transigiu ou
negociou suas convicções e seus ideais programáticos.
Com longa tradição na luta pela
democracia e pela justiça social, o PSB participou ativamente de importantes
momentos da vida nacional, como a memorável campanha do “petróleo é nosso”, a
luta pela reforma agrária, a luta pelas "Diretas-já" e pela
democratização do País. Sempre nos inspiraram exemplos como os de nossos
companheiros João Mangabeira, Hermes Lima, Barbosa Lima Sobrinho, Evandro Lins
e Silva, Antônio Houaiss, Miguel Arraes e Jamil Haddad.
É justamente pelo apego a essa
história que o partido, nos últimos anos, vem merecendo o reconhecimento da
sociedade brasileira refletido no seu crescimento nas sucessivas vitorias
eleitorais.
Por todas essas razões, o PSB vem à
presença de Vossa Excelência, formalmente, declinar de sua participação no
Governo, entregando os cargos que ora ocupa, ao mesmo tempo em que reafirma que
permanecerá, como agora, em sua defesa no Congresso Nacional. Esta decisão não
diz respeito a qualquer antecipação quanto a posicionamentos que haveremos de
adotar no pleito eleitoral que se avizinha, visto que nossa estratégia – que
não exclui a possibilidade de candidatura própria – será discutida nas
instâncias próprias, considerando nosso programa e os mais elevados interesses
do País e a luta pelo desenvolvimento com igualdade social.
Saudações Socialistas,
Eduardo Campos
Presidente Nacional do PSB
Presidente Nacional do PSB
Portal do Holanda
Nenhum comentário:
Postar um comentário