quarta-feira, 7 de setembro de 2011

"Sabino é mercenário porque até hoje ele tenta me extorquir"

A declaração foi dada pelo prefeito de Boa Vista do Ramos, Emir Mota que acusou o deputado federal Sabino Castelo Branco de pressioná-lo por emprego na prefeitura e por dinheiro
ROSIENE CARVALHO
O prefeito de Boa Vista do Ramos, Elmir Lima Mota (PSC), acusou o deputado federal Sabino Castelo Branco (PTB) de ser um mercenário e de ameaçá-lo de agressão física para receber cheques em branco da Prefeitura. É a segunda vez, em menos de 20 dias, que Sabino é acusado de extorquir prefeitos do interior do Estado.
Depois do atentado à bala, sofrido em Manaus no início de agosto, o prefeito de Coari, Arnaldo Mitouso, denunciou o deputado e disse receber pressão do deputado para empregar parentes na prefeitura local. Antes do atentado, Mitoso disse que Sabino estava criando dificuldades para a sua gestão.
Na última sexta-feira, o prefeito Elmir Mota procurou A CRÍTICA para denunciar que sofreu as mesmas abordagens relatadas Mitouso por parte do deputado e afirmou que sabe que, pelo menos, outros dez prefeitos passam pelas mesmas chantagens. Mota não quis citar os nomes dos prefeitos. Elmir relata, nos trechos dessa entrevista, como foi ameaçado por Sabino e disse que vai procurar a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) por temer ser alvo de atentado.
Qual é a sua denúncia, prefeito?
Tudo aquilo que o prefeito de Coari (Arnaldo) Mitouso (PMN) falou do deputado Sabino Castelo Branco (PTB) é verdade. Ele é um nazi-fascista. É um mercenário porque até hoje ele tenta me extorquir.
É a mesma denúncia sobre empregar parentes do deputado na prefeitura para desviar dinheiro?
Antes da campanha, ele (Sabino) queria que eu empregasse pessoas não chegou a me dar documentos como deu ao prefeito Mitouso. Mas me deu os nomes. Uma era a irmã dele (Marluce); outro era um rapaz que dirige o carro dele, Rafael; outro foi até candidato a deputado estadual ao lado dele (não citou nome). Uma vez ele (Sabino) mandou Lurdes (assessora do deputado) pegar dinheiro comigo e ele ficou chateado porque eu não dei. Queria que eu entregasse para ele R$ 35 mil.
Essa pressão por parte do deputado se repetiu?
Antes das eleições aconteceu. E vem acontecendo quase que semanalmente. Já nem atendo mais os telefonemas que recebo de número restrito.
O que mais ocorreu?
A minha filha, de seis anos de idade, estava na creche, quando recebeu um embrulho com várias pedrinhas dentro e me disse: ”Papai, está aqui o que entregaram para o senhor“. Estava escrito assim: “teu pai vai morrer”. E em outro pacote, jogado na minha casa colocaram: “teu prefeito vai morrer”. Vim voando com a minha esposa para cá (Manaus). Fui e mostrei para o coronel George Catete (comandante da Polícia Militar do Interior). Ele mudou vários policiais da cidade.
O que lhe dar certeza que se tratava do deputado Sabino?
As ligações pedindo esses valores.
Elas continuam sendo feitas?
Um vereador da cidade, chamado Edmar Carlos, me levou ao apartamento dele (Sabino Castelo Branco) na Ponta Negra. Subi lá na cobertura. Achei que ele queria falar de algum convênio para a cidade. Quando cheguei lá, ele queria que eu assinasse cheques.
Quando isso ocorreu?
Foi em julho agora. Dias depois que jogaram esse material (o segundo pacote) lá em casa.
O que mais se passou?
Me senti tão acuado, tão pressionado que eu pensei que ia ter que brigar com ele (Sabino) lá dentro. O deputado me levou para um quarto, na casa dele, me fez uma pressão tão grande que eu me senti um bandido e ele um policial maldoso. Porque policial bom não faz isso. Ele queria que eu assinasse os cheques. Disse a ele que a prefeitura não tinha os cheques. Ele apareceu com cheques administrativos do Banco do Brasil. Papel de saque avulso. Ele fez e eu assinar cinco ou seis em branco para poder sair dali.
Qual valor poderia ser sacado?
Graças a Deus, a gerente da nossa agência bancária me explicou, depois, que só poderia haver saque naquele documento diretamente feito por mim. Eu assinei em branco para ele. O deputado Sabino só não me bateu porque tive que me humilhar. Teve um momento que discuti com ele, mesmo sabendo que ele estava armado.
Como o senhor ficou sabendo que ele estava armado?
Ele tirou a arma e botou em cima da mesa dele, no canto do quarto dele. Confesso que me deu vontade de correr e pegar aquela arma para me defender. Só Deus sabe o que passei naquele quarto.
Por que denunciar agora?
Não estou aguentando essa pressão que ele está fazendo em cima de mim. Ligam de telefone restrito. Eu sei que isso parte dele, porque ele fazia no início. Então, quando vi a matéria que A CRÍTICA publicou do prefeito Mitouso, me vi na pele dele. Me vi atacado por bala mesmo. Venho segurando isso há quase dois anos.
O senhor sabe se isso acontece com outros prefeitos?
Tenho certeza que isso acontece porque eles conversam comigo e eu já contei a eles. Falta eu falar para o presidente da Associação Amazonense dos Municípios (Jair Souto), ele vai me ajudar. No mínimo, dez prefeitos que conversei já passaram por essa situação. Principalmente na época de campanha.
O senhor não teme represálias?
A gente sabe que o deputado já foi preso por tráfico de drogas. Há também aquela situação com a ex-mulher dele, a deputada Vera Castelo branco. Só Deus e ela sabem o que ele (Sabino) fez para que ela retirasse a acusação, daquilo que todo o Amazonas sabe que foi verdadeiro.
Fonte: acrítica.com

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