Elias Pereira
Conta-me um velho amigo que em missa de corpo presente, amigos e não tão amigos, comparecem em massa, por questões de solidariedade cristã, curiosidade, enfim. A morte desperta sentimentos diversos.
Sete dias depois, à missa comparecem apenas os “mais chegados”, agora, demonstrando de fato, uma ligação mais profunda, um respeito mais acentuado, um relacionamento muito mais respeitoso.
Continua meu amigo dizendo que um ano após, o público se torna rarefeito e à celebração que lembra e suplica pela alma daquele que se foi, comparecem apenas uns poucos. Muito poucos.
Há 30 dias, nos deixava Renato Pereira Gonçalves. Médico, político e amigo. A seu modo, prezava as amizades. Não as esquecia. Ele era assim. Contundente, decido e audacioso.
Deixou um legado importante no campo da realização política e na forma de tratar a política e aos políticos. Amealhou amigos sinceros e leais inimigos. Sofreu ameaças, porém, sempre soube se impor pela inteligência e pelo compromisso cidadão.
Com sua morte, abre-se uma importante lacuna no campo político humaitaense. Lacuna esta, já devidamente “ocupada”, curiosamente por quem sempre fez questão de hostilizar de forma virulenta a postura e o trabalho, até mesmo a pessoa de Renato Gonçalves.
Como é do meu feitio, gosto de analisar, avaliar e ponderar antes de emitir qualquer opinião. Agora o faço, estribado na convivência com Renato, no pouco conhecimento dos meandros políticos locais e, sobretudo, no que penso ser a tendência nos próximos meses, anos, enfim.
Desafortunadamente, vi pessoas “apoderarem-se” do legado político de Renato Gonçalves, de forma sórdida, interesseira e leviana. Vi esse ou aquele lançar-se candidato com o apoio do grupo de Renato. Como se o eleitor fosse massa de manobra.
Vi até mesmo pessoas que durante a vida inteira fizeram questão de hostilizar Renato, publicamente, tornarem-se misteriosamente seus maiores admiradores e defensores. Quanta hipocrisia! Quanto interesse sórdido e rasteiro.
Desde as primeiras horas daquele fatídico sábado, estive ao lado do prefeito Dedei Lobo e do vereador Terrinha, que, junto a amigos em Manaus, como Vítor Marmentini, a própria Aline, dentre outros, articularam todas as providências para que o corpo do vice-prefeito, fosse velado e sepultado em Humaitá.
“Faça tudo o que for possível para que o Renato seja sepultado em Humaitá, pois nós daremos todo o suporte necessário”, disse Dedei Lobo em uma de suas conversas com Vítor Marmentini, nas primeiras horas da manhã. Dedei, entretanto, não tocou trombetas, nem reivindicou sua participação, ao contrário de quem nada fez, porém, muito gritou!
Em outra conversa, uma das primeiras, Dr. Terrinha buscava naquele momento de dor, entabular uma conversa com a viúva, Aline, fazendo-a ver a importância de se sepultar Renato em Humaitá, como ela própria atestou em público, no aeroporto Mangabal.
Assim o fizeram dezenas de amigos do Renato. Aqui e em Manaus. Alguns, que jamais falarão. Pois o fizeram em nome do amigo, sem qualquer interesse político, como o fizeram dias depois, algumas sórdidas aves de rapina, que, sem qualquer respeito à dor de familiares e amigos, apoderaram-se do nome de Renato, para tumultuar e tentar colher algum dividendo político.
Em um papelixo qualquer, vi uma sobeja lista de pessoas que se arvoraram ao direito de usurpar o nome de Renato Gonçalves, até mesmo da viúva Aline, para dizer que estavam assumindo o legado de Renato. Na missa de 7º. Dia, não vi mais que três deles. Onde, os demais?
A própria Aline desautorizou o uso de seu nome e sua vinculação a qualquer postulação política, por si só, indevida e descabida nesse momento de dor. Mas, assim agem os escroques, os canalhas, os usurpadores.
Vi até mesmo forasteiros travestidos de escritores, mal traçarem comentários e ‘profecias’ acerca de Renato, cujo teor demonstra o mais absoluto desconhecimento da vida e obra do vereador, prefeito e vice-prefeito de Humaitá. Ilações, insinuações, pretensões lotéricas, que não foram evidentemente capazes de atrair qualquer holofote, qualquer atenção.
O legado político de Renato Pereira Gonçalves, não será usurpado. Não pode ser apoderado num piscar d´olhos, de soslaio, à revelia. Terá que ser conquistado. E o será. Porém, com o tempo. Apenas, com o tempo. O tempo dirá. Aliás, “há tempo para todo o propósito debaixo do céu”, é a máxima bíblica.
Devo advertir que a missa de um ano da morte do vice-prefeito Renato, coincidirá exatamente com o início da pré- campanha a prefeito de Humaitá. Seu nome certamente surgirá. Vejamos, entretanto, quem estará naquela celebração.
Por fim, esclareço que rabisco essas linhas, em respeito ao Renato e aos seus verdadeiros amigos, e, em repúdio veemente à tentativa rasteira de se usar seu nome, seu trabalho, como palanque eleitoral. Atitude, aliás, descabida, mesquinha e pra lá de rasteira, nesse momento.
Nas palavras proferidas na missa do último domingo (05), “que sua ausência seja preenchida com amor, solidariedade e defesa das causas que ele sempre defendeu”.
Elias Pereira.
eliasuea@hotmail.com
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